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Pesquisa com bactérias na Amazônia pode desenvolver novos medicamentos

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© Ricardo Stuckert/PR

Parte da pesquisa de ponta em fármacos no Brasil utiliza amostras de solo de Belém (PA) em um complexo de laboratórios em Campinas (SP). O acelerador Sirius, maior microscópio da América do Sul, possibilita estudar os genes de bactérias e suas substâncias. Em dezembro, resultados da pesquisa foram publicados em uma revista científica internacional.

A parceria entre o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) e a UFPA começou no Parque Estadual do Utinga. Amostras de solo da área levaram ao isolamento de bactérias como Streptomyces, Rhodococcus e Brevibacillus, abrindo caminho para análises genéticas avançadas com potencial terapêutico.

No laboratório EngBio da UFPA, o sequenciador PromethION permitiu mapear os genes em detalhes. Segundo o pesquisador Diego Assis das Graças, metade das moléculas identificadas era desconhecida. Essas substâncias são fundamentais para novos medicamentos, uma vez que 2/3 dos fármacos globais derivam de metabólitos naturais.

O Laboratório Nacional de Biociências (LNBio) analisou dados no Sirius. Apenas 10% dos genes bacterianos expressam moléculas úteis em laboratório. Segundo Daniela Trivella, do CNPEM, bactérias selvagens amazônicas ainda escondem incontáveis possibilidades. Por isso, a biodiversidade da região permanece essencial para descobertas científicas.

Com ferramentas de metabologenômica e DNA sintético, bactérias domesticadas começaram a produzir as substâncias. Esse método melhora o acesso para o desenvolvimento de fármacos protótipos em escala laboratorial, possibilitando testes e viabilização industrial.

O avanço tecnológico facilita milhares de testes diários, mas enfrenta pressões como o aumento das queimadas. Em 2024, registrou-se a maior devastação amazônica em 17 anos. Recentemente, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência anunciou cerca de R$ 500 milhões para pesquisas no bioma nesta década.

A Plataforma de Descoberta de Fármacos do LNBio-CNPEM concentra essas iniciativas, da análise inicial à produção de moléculas candidatas. O objetivo é expandir para áreas remotas da Amazônia Oriental, onde novos estudos podem ampliar o potencial de exploração sustentável.

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