A Queijos Scala, uma das maiores fabricantes de laticínios do país, inaugurou nesta segunda-feira (10/03) seu novo escritório na cidade de São Paulo, marcando um passo importante em sua estratégia de expansão para o varejo e para reforçar sua presença no mercado. A empresa, que tem sede em Sacramento, na região da Serra da Canastra (MG), busca ampliar sua atuação no setor, historicamente concentrado no food service, direcionado a lanchonetes, restaurantes e padarias.
De acordo com informações divulgadas pela diretora administrativa da Scala, Maria Eugênia Soares Cerchi, a meta é aumentar até o final de 2027 a participação do varejo nas vendas de queijo da marca, passando dos atuais 25% para, no mínimo, 30%. A executiva, que ocupa o cargo há nove meses, ressaltou que a abertura do escritório em São Paulo permitirá também atrair talentos que não desejam se mudar para Sacramento, município com cerca de 27 mil habitantes.
“Nem todo mundo está disposto a se mudar para um lugar de 27 mil habitantes”, explicou Maria Eugênia, destacando a importância de encontrar profissionais qualificados que possam contribuir com os planos de crescimento da Scala. Hoje, 70% das vendas no mercado de queijos no Brasil ocorrem no varejo, mas a Scala ainda se concentra majoritariamente na produção voltada para o food service.
Governança familiar e desafios da nova geração
Fundada em 1963 pelo imigrante italiano Leonildo Luiz Cerchi, conhecido como “Seu Nino”, a Scala se prepara para a entrada da terceira geração na gestão da empresa. A família, que já conta com um conselho de administração, estabeleceu critérios rigorosos de seleção para os novos gestores, visando preservar os princípios de governança e o sucesso do negócio. Segundo Maria Eugênia, o conselho inclui atualmente membros independentes, como Joanita Maestri Karoleski, ex-CEO da Seara Alimentos, que contribui com sua experiência em mercados estratégicos.
Estudos apontam que apenas 25% das empresas familiares sobrevivem à terceira geração. A psicóloga Flávia Camanho, especialista em governança familiar, que presta consultoria à Scala, explicou que esse é um desafio recorrente em negócios familiares, devido aos diferentes perfis e interesses entre os sucessores. De acordo com ela, a capacitação e a estruturação de conselhos assumem papel fundamental nesse processo de continuidade.
No caso da Scala, a empresa também avança em iniciativas de inclusão e diversidade. Atualmente, cerca de 34% dos funcionários são mulheres, mas o objetivo é alcançar a paridade de gênero até 2030. Na área administrativa, as mulheres já correspondem a mais de 50% do quadro. Além disso, a empresa anunciou o lançamento do programa “Mais mulheres na manutenção”, em parceria com uma escola técnica de Sacramento, com o objetivo de formar 60 novas profissionais em elétrica e mecânica ao longo do ano.
Expansão e inovação no setor de laticínios
A produção da Scala é realizada em quatro fábricas localizadas nas bacias leiteiras do Triângulo Mineiro e do Alto Paranaíba, com capacidade para processar mais de 600 mil litros de leite por dia provenientes de mais de 500 fornecedores. A empresa destaca-se no fornecimento de muçarela e parmesão para o mercado de food service, além de atuar no segmento de nutrição animal por meio da divisão SCL Agro.
A diretora administrativa da Scala destacou ainda o papel crucial de sua avó, Cléria Scalon, na fundação e crescimento da empresa. Segundo Maria Eugênia, a razão social da companhia, Scalon Cerchi Ltda., é uma homenagem à mulher que esteve ativamente envolvida nos negócios desde o início.
Com uma receita de R$ 1,4 bilhão em 2024 e planos ambiciosos de expansão para o varejo, a Scala demonstra estar estrategicamente posicionada para consolidar sua marca entre os consumidores finais, sem deixar de lado os valores familiares e os compromissos com inovação e diversidade.