Pesquisa analisa impacto da acidez em resíduos de mineração na alface

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    Pesquisadores utilizaram alface como modelo para investigar como o pH influencia a toxicidade do resíduo de mineração de ferro. (Foto: Arquivo/Grupo de Pesquisa) Fellipe Gomes – biólogo formado pela UNIFAL-MG. (Foto: Arquivo Pessoal) Poliana Silva – bióloga formada pela UNIFAL-MG. (Foto: Arquivo Pessoal) Carlos Henrique Reis – biólogo formado pela UNIFAL-MG. (Foto: Arquivo Pessoal) Marcelo Anchieta – acadêmico do curso de Biotecnologia. (Foto: Arquivo Pessoal) Amanda Santolino – acadêmica do curso de Biotecnologia. (Foto: Arquivo Pessoal) Kauê Nakamura – acadêmico do curso de Biotecnologia. (Foto: Arquivo Pessoal) Fabrício Pereira – professor e orientador do estudo. (Foto: Arquivo Pessoal) Pesquisadores utilizaram uma variedade comum de alface usada para horticultura como modelo. (Foto: Arquivo/Grupo de Pesquisa)Resultados mostram que quanto mais ácido o ambiente, maior a toxicidade do resíduo de mineração de ferro. (Foto: Arquivo/Grupo de Pesquisa)Estudo apresenta aplicações para a recuperação ambiental. Na foto, rejeitos da mineradora Samarco, em Mariana-MG. (Foto: Rogério Alves/TV Senado)

    Pesquisadores da UNIFAL-MG conduziram um estudo utilizando a alface como modelo para investigar como o pH influencia a toxicidade dos resíduos de mineração de ferro. Os resultados sugerem que o monitoramento e a correção do pH em áreas afetadas por rejeitos de mineração são essenciais para a implantação de programas de reflorestamento e recuperação ambiental.

    O estudo foi coordenado por Fabrício José Pereira, professor do Instituto de Ciências da Natureza (ICN), e contou com o apoio de biólogos e estudantes da instituição. A pesquisa foi publicada na revista internacional Environmental Science and Pollution Research, sob o título Iron mining tailing toxicity is increased by lower pH affecting lettuce seed germination, seedling early growth, and leaf anatomy.

    De acordo com informações da UNIFAL-MG, o experimento investigou os efeitos de diferentes valores de pH (4, 5, 6 e 7) sobre a germinação e o desenvolvimento inicial da alface (Lactuca sativa L.). As condições de acidez foram alteradas utilizando calcário (para aumentar o pH) e ureia (para reduzir). Essas substâncias são de baixo custo e amplamente usadas na agricultura. Durante os testes, foi observado que resíduos com pHs menores (mais ácidos) demonstraram maior toxicidade, impedindo completamente a germinação das sementes a valores de pH 4 e 5.

    Resultados do estudo

    Os dados apontaram que, em pH neutro (6), o resíduo de mineração de ferro tem baixa toxicidade para a alface. Nesse cenário, não houve impacto significativo na germinação das sementes ou crescimento das plântulas, exceto por um leve comprometimento das raízes. Por outro lado, em condições mais ácidas, a toxicidade dos resíduos aumentou devido à maior disponibilidade de metais como ferro (Fe), alumínio (Al), cádmio (Cd) e chumbo (Pb). No pH 7, ligeiramente alcalino, o desenvolvimento das mudas foi afetado, mas não pela toxicidade, e sim pela diminuição na disponibilidade de nutrientes essenciais.

    Conforme Fabrício Pereira, o estudo reforça a importância de corrigir o pH em locais impactados antes de ações de reflorestamento. A neutralização pode ser feita de forma prática utilizando calcário em solos ácidos ou ureia em solos com pH elevado. Além disso, chuvas e a decomposição da matéria orgânica podem alterar o pH dos solos, o que exige monitoramento contínuo para evitar problemas futuros.

    Implicações ambientais

    Os pesquisadores destacaram a relevância dos resultados para a recuperação de áreas degradadas pela mineração, como os rejeitos do rompimento da barragem em Mariana-MG. Embora o resíduo testado seja proveniente desse acidente, os especialistas alertam que os dados obtidos não devem ser generalizados para outros locais sem estudos prévios complementares. Ainda assim, o método pode servir como modelo inicial para outras áreas.

    A pesquisa é parte de um projeto aprovado pela FAPEMIG, com financiamento de R$ 79.359,49. Além de ampliar o entendimento sobre os impactos dos rejeitos, ela também visa contribuir para políticas públicas eficazes e soluções práticas na recuperação ambiental de áreas afetadas pela mineração.

    O artigo completo publicado na revista Environmental Science and Pollution Research pode ser acessado clicando aqui.

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