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O impacto racial por trás da chacina de Unaí

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Há exatos 21 anos, uma tragédia abatia a zona rural de Unaí, em Minas Gerais, com a execução de três auditores fiscais do trabalho e um motorista. Eratóstenes de Almeida Gonsalves, João Batista Soares Lage, Nelson José da Silva e Aílton Pereira de Oliveira foram assassinados a mando do fazendeiro Norberto Mânica. Conforme relatado pela Agência Brasil, Mânica, conhecido como “Rei do Feijão”, organizou a emboscada que ceifou a vida das quatro vítimas.

Sentenciado em 2023 a 64 anos de prisão por homicídio qualificado e formação de quadrilha, Norberto Mânica esteve foragido, mas foi preso no Rio Grande do Sul. De acordo com Marcelo Campos, auditor fiscal do trabalho, o objetivo inicial era apenas assassinar Nelson José da Silva. Campos descreve que Nelson, auditor negro, comandava fiscalizações em fazendas de grandes proprietários brancos da região, o que gerou grande resistência e culminou na tragédia.

O Nelson era o auditor lotado em Paracatu, responsável pela região de Unaí. Sua atuação juntava fiscalização e comando, algo que fazia grande diferença, especialmente por ele ser um auditor negro notificando fazendeiros brancos e poderosos.”, afirmou Campos em mesa-redonda organizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em Brasília.

A desavença não era causada pela atuação do auditor na fiscalização para eliminar o trabalho análogo à escravidão. Segundo Campos, “as multas aplicadas pelo Ministério do Trabalho nunca representaram um incômodo financeiro para os grandes empregadores”. O incômodo real foram as ordens vindas de um auditor negro.

Com a execução planejada, os pistoleiros enfrentaram dificuldades, pois Nelson estava acompanhado naquele dia. Segundo relato de Campos, os autores do crime receberam ordens para exterminar todos que estavam com Nelson, resultando na morte dos quatro homens.

Após o ocorrido, o protocolo de fiscalização se alterou no Brasil. “Nossas estratégias mudaram, intensificamos a colaboração com a Polícia Federal e outras forças policiais, estabelecendo segurança reforçada em condições de risco nas operações rurais e urbanas.”, descreveu Campos sobre as mudanças implementadas em resposta à tragédia de Unaí.

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