Nísia Trindade, de 67 anos, foi demitida do Ministério da Saúde nesta terça-feira (25) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após dois anos liderando a pasta. Primeira mulher a ocupar o cargo, a socióloga deixa um legado marcado pela implementação de programas relevantes voltados à saúde pública, como o Programa Brasil Saudável, e avanços na telemedicina pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Natural do Rio de Janeiro, Nísia consolidou uma carreira acadêmica de excelência com 45 anos de trabalhos nas áreas de Ciências Sociais, Sociologia e Ciência Política, tendo se formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) em 1980, feito mestrado em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) em 1989 e doutorado em Sociologia pela mesma instituição em 1997. Além disso, ocupou cargos de destaque no setor científico, incluindo sua gestão como presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) entre 2017 e 2022.
Programas marcantes na gestão de Nísia
Durante sua passagem pelo Ministério da Saúde, Nísia implementou diversas iniciativas com impacto significativo na saúde pública. Dentre os principais projetos sob sua gestão, destacam-se:
- Programa Brasil Saudável: Inaugurado em 2023, com um investimento de R$ 386 milhões, o programa combateu doenças socialmente determinadas, como hanseníase, malária, tuberculose e HIV. Incluiu certificações, parcerias interministeriais e ações voltadas às populações vulneráveis.
- Expansão da Telessaúde: Integrou a área de telemedicina ao SUS Digital por meio do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), promovendo teletriagem, consultas e diagnósticos virtuais em diversos municípios do país.
Nísia também desempenhou um papel fundamental na liderança da Fiocruz durante a pandemia de Covid-19. Criou o Observatório Covid-19, uma rede de dados voltada à geração de informações epidemiológicas para embasar políticas públicas de mitigação da pandemia.
Legado de pioneirismo e reconhecimento internacional
Além de ser a primeira mulher a comandar a Fiocruz e o Ministério da Saúde, Nísia foi eleita membro titular da Academia Brasileira de Ciências na área de Ciências Sociais em 2020. Em 2022, ingressou na Academia Mundial de Ciências para o avanço da ciência nos países em desenvolvimento (TWAS). Sua liderança se estendeu a colaborar com a ONU em grupos focados na recuperação econômica global no pós-pandemia.
A demissão de Nísia coincide com o anúncio feito pelo governo da primeira vacina nacional de dose única contra dengue, prevista para 2026, marcando uma transição importante na agenda de saúde pública do país.
