Dez anos após o desastre ambiental de Mariana, os impactos ainda são sentidos nas áreas atingidas pelo rejeito de minério. Um estudo recente da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), publicado na revista Anthropocene, revela que houve uma redução significativa de até 50% no número de árvores adultas e de 60% de mudas nas matas ciliares do Rio Doce. A análise foi feita em 30 pontos localizados em 12 municípios, apontando mudanças drásticas na composição e diversidade da flora da região.
Os pesquisadores destacam a necessidade de investimentos em políticas públicas concretas para a recuperação ambiental e a sustentabilidade das comunidades afetadas. O impacto social também é evidente. Ribeirinhos como o produtor rural Miguelito Teixeira, de Conselheiro Pena, ainda sofrem com as consequências do rejeito, especialmente em períodos de cheia. Miguelito conta que perdeu toda sua pastagem e precisou vender seus animais a preços mais baixos devido à escassez de água e alimento.
Segundo o estudo, os resíduos de minério continuam acumulados no leito do Rio Doce, intensificando os danos ambientais sempre que ocorrem enchentes. Isso comprova as reclamações das populações locais, que continuam enfrentando desafios para se recuperar dos impactos do desastre.
Conclusões do Estudo
- Redução na biodiversidade das matas ciliares do Rio Doce.
- Persistência do rejeito no leito do rio, agravando os impactos em períodos chuvosos.
- Necessidade de políticas públicas para recuperar a flora e proteger as comunidades locais.
O estudo reforça a urgência de ações concretas para mitigar os problemas socioambientais e recuperar o equilíbrio ecológico da região do Rio Doce. Enquanto comunidades como as de Conselheiro Pena continuam sofrendo, especialistas alertam para a importância de uma recuperação sustentável e eficiente.