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Dengue: produção nacional e dose única são vantagens da nova vacina

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© Paulo Pinto/Agência Brasil

O Ministério da Saúde anunciou a primeira vacina nacional contra a dengue, trazendo avanços significativos, como o aumento do volume de doses, a produção nacional do imunizante, um novo esquema vacinal de apenas uma dose e o potencial de incluir novos grupos-alvo. Segundo a presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Mônica Levi, esses avanços representam um grande passo na luta contra a dengue no Brasil.

Para 2024, está prevista a entrega de 60 milhões de doses da Butantan-DV – vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan. Apesar do volume ser seis vezes maior que o planejado para 2025, ainda será insuficiente para imunizar toda a população brasileira. Dessa forma, o Programa Nacional de Imunizações precisará definir grupos prioritários para sua distribuição.

Atualmente, o único imunizante disponível nos postos de saúde é o QDenga, da companhia japonesa Takeda. Este é destinado a adolescentes de 10 a 14 anos que vivem em áreas com altas taxas de incidência de dengue, com exceção de algumas doses em vencimento, que podem ser destinadas a outros públicos. Mônica Levi espera que estudos futuros da Butantan-DV também analisem sua eficácia e segurança entre idosos.

Embora adolescentes apresentem mais internações e quadros graves da doença, a especialista ressalta que as mortes são mais frequentes em idosos. Segundo ela, vacinas disponíveis até agora não abrangeram pessoas acima de 60 anos nos estudos, mas há expectativas de que a Butantan-DV seja avaliada para essa faixa etária.

Outra inovação importante da nova vacina é o fato de ser aplicada em apenas uma dose – a primeira do mundo com esse esquema. Segundo especialistas, esse esquema vacinal deve ajudar a aumentar as taxas de adesão à imunização, especialmente entre adolescentes, minimizando evasões comuns em campanhas de múltiplas doses.

Desenvolvida em parceria com o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, a farmacêutica MSD e produzida com a empresa WuXi Biologics, a Butantan-DV é considerada 100% nacional, já que todo o processo de fabricação será realizado no Brasil. Isso garante maior autonomia no fornecimento das vacinas, reduzindo o risco de desabastecimento.

A Butantan-DV é tetravalente, ou seja, protege contra os quatro tipos de dengue. Nos testes finais, o imunizante apresentou 79,6% de eficácia geral e 89,2% entre pessoas que já tiveram a doença. Mesmo com esses resultados positivos, a vacina ainda depende de aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e está prevista para uso apenas em 2026. Até lá, o controle do mosquito transmissor, Aedes aegypti, segue crucial para a prevenção.

Mônica Levi também esclareceu que a dengue não é transmissível entre pessoas, o que significa que a imunização não gera proteção coletiva, conhecida como “imunidade de rebanho”. Segundo ela, a vacinação diminui o número de infectados, mas não elimina completamente os riscos para indivíduos não vacinados, como grávidas ou pessoas imunocomprometidas.

De acordo com o Painel de Monitoramento do Ministério da Saúde, já foram registrados mais de 439 mil casos prováveis de dengue no Brasil em 2023, com 177 mortes confirmadas. Parte significativa dos casos apontam aumento em relação ao ano anterior, reforçando a necessidade de estratégias abrangentes de prevenção e controle da doença no país.

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