Temperaturas na Antártida sobem 10º C além do normal devido à onda de calor

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    Thwaites, localizada na Antártida, é conhecida como a "Geleira do Juízo Final" • NASA/Reuters via CNN Newsource Os desvios de temperatura do normal são mostrados na Antártida em 1º de agosto de 2024. Vermelhos indicam condições mais quentes que o normal, enquanto azuis indicam condições mais frias que o normal • Climate Change Institute/University of MaineMapa exemplifica primeiro as temperaturas normais e na direita, as temperaturas observadas após a onda de calor, em agosto de 2024 • Climate Change Institute/University of Maine

    A temperatura na Antártida tem atingido níveis alarmantes, e pesquisadores estão preocupados com as consequências.

    Após uma onda de calor recorde no continente mais frio do mundo, cientistas alertam sobre os impactos futuros nas massas de gelo, que têm potencial para alterar significativamente os níveis do mar e as circulações oceânicas globais — aspectos cruciais para o clima do planeta. Dados recentes apontam que as temperaturas em agosto de 2024 subiram cerca de 10 °C acima do normal na Antártida Oriental, área que geralmente apresenta condições extremas de frio.

    Impactos do calor no continente gelado

    Embora as temperaturas ainda estejam abaixo de zero na maior parte da região, a intensidade e frequência de eventos de calor surpreenderam especialistas. Durante a última onda de calor, os termômetros apontaram reduções expressivas na intensidade do frio, marcando entre -25 °C e -30 °C em áreas que, frequentemente, ficam em torno de -50 °C ou mais baixas. O aumento do calor coloca em xeque o equilíbrio climático global.

    David Mikolajczyk, meteorologista do Centro de Pesquisa em Meteorologia da Universidade de Wisconsin-Madison, afirmou que o derretimento da Antártida pode alterar as circulações oceânicas globais, fenômeno que regula o clima planetário.

    Consequências a curto e longo prazo

    • Derretimento acelerado: O gelo antártico, que detém a maior parte do gelo terrestre, pode elevar o nível médio do mar em mais de 45 metros se derretido completamente.
    • Vulnerabilidade futura: Com mais ondas de calor previstas, os períodos de verão podem intensificar a deterioração da camada de gelo.
    • Anomalias climáticas: O Polo Sul, conhecido por sua estabilidade em temperaturas extremas, aqueceu três vezes mais rápido que a média global entre 1989 e 2018, segundo estudo recente.

    Por outro lado, a desconexão do vórtice polar sul — uma barreira que geralmente prende o ar frio no continente — contribuiu diretamente para o evento de calor inusitado, segundo especialistas do British Antarctic Survey.

    Perspectiva científica e desafios globais

    Thomas Bracegirdle, vice-líder do British Antarctic Survey, declarou que eventos como esse são raros, mas cada vez mais prováveis devido à mudança climática global. “Apesar de termos uma perspectiva inicial, ainda precisamos de análises mais profundas sobre os motivos exatos de eventos singulares como este”, disse ele.

    A Antártida Oriental, região menos analisada em termos de derretimento, também alerta os cientistas. Apesar do foco usual no Ártico ou na Geleira do Juízo Final, tornam-se evidentes ameaças adicionais em outras áreas do continente.

    Impactos no Brasil e no mundo

    Enquanto o calor extremo também foi observado em áreas como Brasil e Estados Unidos, outras comunidades costeiras globais estão cada vez mais vulneráveis ao aumento do nível do mar. Ted Scambos, glaciologista da Universidade do Colorado, explicou que a onda de calor atual se mostrou mais extensa e duradoura em comparação com as de 2022. “Isso nos mostra que as mudanças climáticas podem, de fato, acelerar fenômenos em regiões que até então julgávamos protegidas”, afirmou.

    Eventos climáticos extremos em pleno inverno na Antártida lançam ainda mais dúvidas sobre as previsões climáticas para os próximos anos e reforçam a urgência em mitigar impactos causados pelo aquecimento global e mudanças no uso dos combustíveis fósseis.

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