Um estudo conduzido pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em parceria com a FAPESP, revelou um impacto significativo da Covid-19 no sistema cardiovascular, mesmo em pessoas que apresentaram casos leves da doença. Segundo os pesquisadores, a variabilidade da frequência cardíaca (VFC), importante indicador da saúde e da capacidade do coração de se adaptar a estressores fisiológicos e ambientais, sofreu uma redução drástica até seis semanas após a infecção.
Impactos Cardiovasculares no Curto e Médio Prazo
Os participantes do estudo, que incluíram pacientes entre 2 e 12 meses após a infecção, mostraram uma recuperação progressiva dos índices de VFC com o passar do tempo. No entanto, mesmo após 12 meses, os níveis de variabilidade cardíaca ainda estavam aquém dos resultados observados em pessoas que não contraíram o SARS-CoV-2. Além disso, o estudo evidenciou um desequilíbrio entre os sistemas nervosos simpático e parassimpático, aumentando o risco de condições cardiovasculares desfavoráveis.
Risco Cardiovascular Agravado
“Este estudo reforça a necessidade de programas de reabilitação até para pessoas que tiveram Covid-19 leve e não foram hospitalizadas. A infecção demonstrou potencializar desequilíbrios cardiovasculares e aumentar o risco de doenças relacionadas, especialmente em indivíduos jovens e de meia-idade com fatores de risco preexistentes, como hipertensão e tabagismo”, explicou Audrey Borghi Silva, coordenadora do Laboratório de Fisioterapia Cardiopulmonar (Lacap) da UFSCar.
Sintomas Associados ao Desequilíbrio Cardíaco
Dentre os voluntários monitorados no estudo, os sintomas mais comuns associados ao desequilíbrio autonômico cardíaco incluíram dispneia (falta de ar), fadiga, tosse, cefaleia, perda de paladar (ageusia) e ansiedade. Cerca de 44% dos indivíduos analisados no estágio mais precoce do estudo não haviam sido vacinados contra a Covid-19.
Reabilitação e Monitoramento São Essenciais
Os especialistas destacaram que os resultados sugerem uma fase transitória da recuperação autonômica cardíaca, requerendo programas de reabilitação personalizados para apoiar a recuperação total dos pacientes, mesmo em quadros leves da doença. Além disso, enfatizaram a importância do acompanhamento médico contínuo para identificar possíveis riscos cardiovasculares de longo prazo.
Leia o estudo completo publicado na revista Scientific Reports disponível aqui.