Donald Trump encerra acordo de petróleo dos EUA com a Venezuela, revertendo concessões feitas no governo Biden
O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (26) o término de um acordo firmado em 2022 pelo então presidente Joe Biden com a Venezuela. O acordo permitia que a empresa americana Chevron expandisse a produção de petróleo no país sul-americano e transportasse barris para os EUA. Trump indicou que a decisão é parte de sua iniciativa para reverter concessões e reforçar o compromisso com a “pressão máxima” contra o regime de Nicolás Maduro.
O anúncio foi feito por meio da rede social Truth Social, onde Trump afirmou estar “revertendo as concessões” do acordo de transação de petróleo, datado de 26 de novembro de 2022. Contudo, Trump não mencionou diretamente a Chevron ou esclareceu o destino das exportações já em andamento. A Chevron se manifestou dizendo que está avaliando as implicações do encerramento da licença.
Impacto sobre a produção de petróleo e economia venezuelana
A licença emitida em 2022 permitiu que a Chevron atuasse em joint ventures com a estatal PDVSA, resultando em um aumento significativo na produção e exportação de petróleo. Estima-se que a produção de petróleo do país tenha alcançado aproximadamente 900.000 barris por dia em 2024, contribuindo para a recuperação econômica da Venezuela.
Os impostos e royalties gerados pela exploração beneficiaram diretamente o governo de Maduro, que utilizou os recursos para impulsionar setores estratégicos como energia e bancos. No entanto, a decisão de Trump de rescindir esse acordo pode modificar o cenário econômico do regime, além de interromper uma importante fonte de receita obtida nos últimos anos.
Reações da Venezuela e dos EUA
A vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, criticou a decisão do governo americano, chamando-a de “prejudicial e inexplicável”. Enquanto isso, nem a Casa Branca nem o Departamento de Estado dos EUA ofereceram declarações imediatas sobre a intenção ou impacto do término do acordo em relação à Chevron.
Analistas enxergam essa postura como uma tentativa de intensificar as sanções ao regime venezuelano em um esforço contínuo de forçar mudanças políticas. No entanto, permanece incerto como as cargas atuais de petróleo em trânsito para os EUA serão tratadas após a implementação da medida, prevista a partir de 1º de março.
O papel da Chevron e as implicações econômicas
Quando a Chevron recebeu a licença em 2022, estimava-se que a empresa tinha uma dívida de US$ 3 bilhões com a Venezuela. Até o fim de 2024, a expectativa era de que a Chevron recuperasse US$ 1,7 bilhão, em grande parte devido às exportações derivadas do aumento na produção. Agora, o cenário enfrenta incertezas sobre como a Chevron lidará com a suspensão oficial da licença e as mudanças impostas por Trump.
Entretanto, a decisão reflete uma escalada renovada nas ações dos EUA contra o governo de Nicolás Maduro, reacendendo tensões e o debate sobre a eficácia das sanções econômicas como ferramenta de diplomacia.