O Oscar foi palco de um importante estímulo a debates históricos e sociais no Brasil: o filme “Ainda Estou Aqui”, vencedor na categoria de melhor filme estrangeiro, trouxe à tona o caso do ex-deputado Rubens Paiva, desaparecido durante a ditadura militar. A obra explora a trajetória da família de Rubens e suas implicações com o regime ditatorial que marcou o Brasil nas décadas de 1960 a 1980.
Rubens Paiva: símbolo de luta e memória
Rubens Paiva foi sequestrado de sua residência no Rio de Janeiro em 1971, sob ordens do regime militar. Sua esposa, Eunice Paiva, também foi levada, mas acabou liberada posteriormente. Já Rubens jamais retornou para sua família.
Anos após seu desaparecimento, cinco militares foram formalmente acusados por seu sequestro, morte e ocultação do cadáver. Atualmente, o Supremo Tribunal Federal (STF) avalia os processos ligados ao crime, ainda sem uma solução definitiva.
A perpetuação da impunidade
Entre os acusados, José Antônio Nogueira Belham, à época chefe do DOI-Codi (um braço militar de repressão política), permanece vivo e recebe aposentadoria de R$ 35.991, segundo o Portal da Transparência. Em depoimentos, Belham sempre negou as acusações e declarou que “não houve mortes durante sua liderança” no DOI.
Outros militares envolvidos no caso, incluindo os irmãos Jurandyr e Jacy Ochsendorf e Souza, são apontados como responsáveis pela ocultação do corpo e disseminação de informações falsas para encobrir o acontecimento. Jurandyr faleceu, enquanto Jacy também segue aposentado, com rendimentos de R$ 23.457,15.
Ainda há quem busque justiça: em fevereiro, manifestações como a do coletivo Levante da Juventude ocorreram em frente à casa de um dos responsáveis ainda vivos, exigindo respostas e punição pelos crimes cometidos na ditadura.
Debate sobre o futuro do caso no STF
O Supremo Tribunal Federal analisa atualmente a continuidade das ações judiciais contra os envolvidos não apenas no caso Rubens Paiva, mas também em outras duas mortes associadas ao regime militar. A discussão é parte de uma luta persistente por justiça e memória histórica, com foco em punir os responsáveis por atos terroristas de Estado.
O filme “Ainda Estou Aqui” não apenas sensibiliza o público, mas também reforça a importância de revisitar o passado e trazer à tona as verdades sobre os crimes de um período tão doloroso na história do Brasil.