Militar afirma que Bolsonaro recuou sobre a minuta do golpe
Em áudios divulgados pela Polícia Federal (PF), obtidos no curso das investigações sobre um plano golpista nas eleições de 2022, surgem relatos de conversas entre militares que apontam a hesitação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em assinar um decreto que teria o objetivo de subverter o Estado Democrático de Direito. Em um dos áudios, o coronel Corrêa Netto afirma ter recebido informações do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Segundo ele, Bolsonaro não assinaria o decreto devido à ausência de apoio das Forças Armadas e ao medo de ser preso.
Áudios reveladores
A PF divulgou os áudios no domingo (23), como parte da evidência colhida em celulares e computadores apreendidos, base da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF). Trinta e quatro pessoas foram denunciadas, acusadas de integrar uma organização criminosa cujo objetivo seria obstruir o funcionamento dos Poderes da República e depor um governo eleito democraticamente.
Diálogo entre militares
Um dos destaques é a conversa gravada entre Corrêa Netto e o coronel Fabrício Moreira de Bastos, que narra eventos marcantes de dezembro de 2022. Ainda segundo os áudios, o ex-chefe militar do Sul, general Freire Gomes, cancelou compromissos após uma reunião de alto escalão dos generais do Exército. O clima de incerteza marcou os relatos em torno do decreto, que, segundo o coronel Fabrício, não tinha garantias de execução.
Investigação em andamento
A PGR acusa três militares de “integrarem de forma voluntária uma organização criminosa” para efeitos golpistas. A denúncia ainda discorre sobre a suposta articulação do grupo em reuniões anteriores, incluindo uma em novembro de 2022.
Os áudios divulgados reforçam a complexidade da investigação, levantando questões sobre a extensão da rede golpista e os bastidores do governo na transição de poder para o mandato iniciado em 2023.
A CNN Brasil declarou que aguarda retorno dos representantes das Forças Armadas — Marinha, Exército e Aeronáutica — sobre as revelações.