Lideranças denunciam novo ataque armado à Terra Indígena Apyterewa, no Pará
Na madrugada da última quarta-feira (19), a aldeia Tekatawa, localizada na Terra Indígena (TI) Apyterewa, em São Félix do Xingu, sudeste do Pará, foi alvo de um ataque armado. Segundo relatos do cacique Mama Parakanã, homens armados invadiram o local atirando com diversos tipos de armas, incluindo espingardas calibre 12 e rifles. “Graças a Deus, ninguém se feriu, mas precisamos de apoio urgente das autoridades para evitar tragédias futuras”, declarou o líder indígena, ao destacar a necessidade da presença da Força Nacional, Polícia Federal e outros órgãos estatais.
A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) informou que uma ponte que dá acesso à região foi destruída, isolando a aldeia e obrigando a evacuação de mulheres, crianças e idosos para áreas vizinhas. O ocorrido foi o terceiro ataque em menos de três meses, o que reforça as tensões no território. Segundo José Cleanton Ribeiro, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), esses episódios são represálias dos antigos invasores contra a reocupação indígena após a megaoperação de desintrusão realizada pelo governo federal.
Essa operação, deflagrada em outubro de 2023, teve como objetivo retirar os não indígenas da área de 773 mil hectares da TI Apyterewa, o que resultou na quase eliminação do desmatamento, anteriormente recorde na Amazônia Legal, conforme informações da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). No entanto, a cobiça pelas riquezas naturais da região continua sendo um motivo de conflito.
O Ministério Público Federal (MPF) informou que recebeu as denúncias e as encaminhou à Polícia Federal, integrando-as a inquéritos que investigam episódios anteriores. O órgão destacou que está aguardando mais informações sobre o ataque para traçar um panorama detalhado dos acontecimentos. Enquanto isso, comunidades indígenas e suas lideranças clamam por medidas urgentes que garantam sua segurança e a proteção de seus direitos.
