O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) trouxe à tona novos detalhes sobre as táticas do crime organizado para lavar dinheiro no sistema financeiro formal. Em entrevista coletiva realizada nesta terça-feira (25), o promotor Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), destacou a gravidade da situação, ressaltando a infiltração em instituições financeiras e a influência sobre agentes do Estado.
Evolução do Crime Organizado
Segundo o promotor Gakiya, o Primeiro Comando da Capital (PCC) tem se especializado em operações sofisticadas, criando suas próprias instituições financeiras, como uma forma de facilitar a lavagem de dinheiro. “Espanta a evolução do crime organizado”, comentou ele. Essa estratégia tem utilizado brechas no sistema e se aproveitado da flexibilidade nas regulamentações financeiras.
Operação Hydra
A entrevista ocorreu após a conclusão da Operação Hydra, deflagrada para combater o uso de fintechs no esquema de lavagem de dinheiro. As fintechs 2GO Bank e InvBank foram investigadas por suspeitas de movimentar cerca de R$ 6 bilhões para o PCC por meio de mecanismos financeiros sofisticados. Além disso, o policial civil Cyllas Elia Junior, CEO da 2GO Bank, foi preso, reforçando as evidências sobre a gravidade da situação.
Ação e Impactos
As autoridades cumpriram um mandado de prisão e dez de busca e apreensão em São Paulo, Santo André e São Bernardo do Campo. Houve o bloqueio de valores em oito contas bancárias e a suspensão temporária das atividades econômicas das fintechs investigadas. O promotor alertou para a importância de um controle mais rigoroso sobre o sistema financeiro: “Desburocratizar não pode significar perda de controle sobre instituições.”
Preocupações das Autoridades
A investigação revelou que essas instituições financeiras movimentavam fundos ilícitos para contas “laranjas”, dificultando a identificação dos beneficiários reais. O promotor destacou como a atuação do crime organizado tem atingido setores estratégicos da economia e do Estado, demandando medidas urgentes para conter seu avanço.
A operação também é um desdobramento do caso Vinícius Gritzbach, empresário assassinado em 2024 e que havia delatado as estratégias da facção para lavar dinheiro.
Conclusão: As ações das autoridades reforçam a necessidade de fiscalização rigorosa no mercado financeiro e a implementação de políticas que impeçam organizações criminosas de se infiltrar nos sistemas econômicos e estatais.
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