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Análise aponta alterações climáticas em regiões do Brasil

Mesmo com o cumprimento das metas do Acordo de Paris, todas as regiões do Brasil continuarão enfrentando alterações nos padrões climáticos. Essa informação é uma das principais conclusões sobre as tendências de mudanças climáticas no país. Foram analisadas 14 ameaças climáticas em cinco macrorregiões brasileiras, considerando cenários de aquecimento global de 1,5°C e 2°C, conforme sintetizado no Primeiro Relatório Bienal de Transparência do Brasil à Convenção do Clima.

De acordo com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o coordenador de Ciência do Clima, Márcio Rojas, destacou a relevância de compreender os impactos das mudanças climáticas nas diferentes macrorregiões do Brasil. Ele afirma: “Ter clareza sobre os impactos para as macrorregiões do Brasil é absolutamente relevante para a construção das ações climáticas, seja em políticas públicas ou em outras esferas”.

Entre as tendências com maior grau de certeza estão o aumento de temperatura e ondas de calor em todo o país, aumento de chuvas no Sul, e chuvas extremas no Norte, Sudeste e Sul. Há previsão de aumento de secas no Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, além de vento severo no Norte, Nordeste, Sudeste e Sul. Mudanças no nível do mar, temperatura do mar e acidificação dos oceanos são esperadas ao longo da costa brasileira.

Mudanças Climáticas Emergentes

O climatologista Pablo Borges, da agência de cooperação alemã GIZ, afirmou que os dados apontam para uma “emergência climática”. Natália D’Alessandro, especialista em Impactos e Vulnerabilidade do projeto Ciência&Clima, destacou que compreender essas tendências é fundamental para avaliar os impactos do aquecimento global nas regiões e setores do Brasil. Ela alerta sobre a importância de observar as alterações no oceano, que têm menor possibilidade de reversão.

A síntese foi elaborada com base em diversas fontes relevantes sobre a mudança do clima no Brasil. Borges ressaltou que a abordagem qualitativa foi inspirada no IPCC, enfrentando desafios na síntese de metodologias e incertezas.

D’Alessandro explicou que, apesar das incertezas, as fontes confiáveis permitem melhor compreensão dos sinais de mudanças climáticas e oceânicas nas regiões brasileiras. Nos casos de divergência de informações, a indicação de incerteza foi feita.

Ao abordar cenários de aquecimento de 1,5°C e 2°C, os especialistas afirmam que, mesmo atingindo as metas do Acordo de Paris, as alterações climáticas continuarão. A adaptação é crucial nesse contexto.

Os especialistas enfatizam que fatores como relevo, proximidade do mar e ocupação do solo podem gerar incertezas nos modelos, resultando em tendências diferenciadas dentro de uma mesma região. Borges afirma que a abordagem por macrorregião enfrenta sinais opostos de mudança em algumas áreas.

Considerações Finais sobre Vento Severo

O aumento de ventos severos, frequentemente associado a tempestades e ciclones, é uma das ameaças analisadas. Embora essa ameaça não seja sempre abordada, é relevante devido ao risco à segurança e ao papel da energia eólica. Borges destaca que os modelos climáticos ainda enfrentam dificuldades para representar padrões de vento extremo, aumentando a incerteza nas projeções.

Um dos desafios destacados é a transformação do conhecimento em ação. “Além do negacionismo, muitas vezes entramos numa espécie de paralisia por incerteza”, concluiu Amorim ao ressaltar a importância de decisões baseadas em informações confiáveis, enfatizando a necessidade de converter conhecimento em ações práticas.

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