O Brasil retomou na última sexta-feira (14) o intercâmbio de energia elétrica com a Venezuela, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Esse retorno marca um passo importante para o fornecimento de energia ao Estado de Roraima, que não é conectado ao Sistema Interligado Nacional (SIN). A importação comercial de energia foi iniciada com a ativação da linha de transmissão em 230kV Boa Vista/Santa Elena, interligando o sistema de Roraima ao venezuelano.
De acordo com o ONS, somente 6 megawatts (MW) dos 10 MW programados foram importados no dia 14, enquanto no sábado (15), dos 15 MW previstos, apenas 7 MW foram recebidos. Uma falha na linha de transmissão Boa Vista/Santa Elena provocou o desligamento dessa conexão às 16h16, resultando, por consequência, no desligamento da termelétrica Jaguatirica II. O impacto foi significativo, com a interrupção de 65% da carga energética do Estado e atingindo 103 MW. Após 52 minutos, o sistema começou a ser restabelecido.
No domingo (16), o intercâmbio atingiu 9 MW, ainda abaixo dos 15 MW programados. Apesar da oscilação nos valores, o ONS manteve sua visão de que o intercâmbio ajudará na redução de custos operacionais e no aumento da segurança energética em Roraima. A previsão, de acordo com o operador, é que a importação de até 15 MW possa gerar economia diária de até R$ 500 mil aos cofres públicos.
O retorno dessa operação ocorre meses após a autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que aprovou um orçamento de R$ 41,24 milhões da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC) para custear a compra de energia da Venezuela de janeiro a abril. A importação é realizada pela Bolt Energy Comercializadora de Energia por um valor de R$ 1.096,11 por megawatt-hora (MWh).
Embora a retomada da importação tenha significado avanços para o Estado de Roraima, o ONS informou que ainda aguarda dados complementares das autoridades venezuelanas sobre a operação. Frustrações em testes e atrasos anteriores ocorreram em 2022, quando uma tentativa similar com a Âmbar Energia, ligada ao Grupo J&F, foi cancelada.
A energia importada é essencial para sistemas isolados como Roraima, o único estado brasileiro que ainda depende de termelétricas devido à ausência de conexão ao SIN. Para este ano, a Conta de Consumo de Combustíveis da Aneel está estimada em R$ 10,3 bilhões, sendo uma parte já destinada ao subsídio desta operação internacional.