Durante o mês de julho, a campanha Julho Verde reforça a importância da prevenção e diagnóstico precoce do câncer de cabeça e pescoço em Minas Gerais, com foco especial no câncer de boca. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), surgem cerca de 15 mil novos casos anuais dessa condição no Brasil.
O Hospital Alberto Cavalcanti (HAC), parte da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), observa um aumento nos atendimentos. No primeiro semestre de 2025, houve 1.639 consultas de pacientes suspeitos ou diagnosticados com câncer de cabeça e pescoço, um acréscimo de quase 550 em relação ao mesmo período de 2024. “Durante esta gestão, conseguimos aumentar o número de ofertas para consultas ambulatoriais e cirurgias”, explica Henrique Timo, diretor técnico do HAC.
Atenção aos sinais
Segundo o Governo de Minas, Guilherme Souza, coordenador do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do HAC, ressalta a importância de buscar atendimento médico em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) ao perceber sinais persistentes. Entre os sintomas estão feridas que não cicatrizam, nódulos no pescoço, rouquidão prolongada, dor ou dificuldade para engolir.
Após essa avaliação, o paciente pode ser encaminhado a especialistas, como otorrinolaringologistas ou cirurgiões de cabeça e pescoço. “Os pacientes no HAC são avaliados por uma equipe multidisciplinar, que define a melhor estratégia de tratamento – que pode incluir cirurgia, quimioterapia e radioterapia, com duração total, em média, de três a seis meses, seguido por acompanhamento oncológico regular por, pelo menos, cinco anos”, detalha Souza.
Outro ponto importante é a mudança no perfil dos pacientes. Embora a doença seja mais comum em homens com mais de 60 anos, há um aumento nos casos femininos, especialmente de câncer de boca. “Há alguns anos, a proporção era de oito homens para cada mulher acometida pela doença. Hoje, esse número mudou. A cada três homens, temos uma mulher com câncer de boca”, compara Souza, destacando que a maioria dos casos está associada ao consumo de cigarros e álcool.
Impacto do diagnóstico precoce
“Quando descoberto ainda no início, as chances de cura podem ultrapassar 90%. No entanto, em casos de tumores localizados em regiões mais profundas, como orofaringe e hipofaringe, os sintomas geralmente se manifestam quando estão em estágio avançado, e essas chances diminuem”, alerta Souza.
As sequelas variam, podendo incluir perda da voz, dificuldades para alimentação ou alterações estéticas. “Por isso, reforçamos sempre a importância do diagnóstico precoce”, salienta o médico.
José Eustáquio de Almeida, paciente do HAC, vive quase normalmente após o tratamento. “A única coisa que não posso fazer é nadar, porque não posso deixar entrar água na abertura onde foi feita a traqueostomia”, relata. Demorou quase um ano desde o início dos sintomas até o diagnóstico de câncer de laringe, agravando sua condição. Após confirmação do diagnóstico, ele passou por cirurgia e radioterapia. “As enfermeiras e os médicos foram muito bons para mim”, elogia Eustáquio, que aos 70 anos ainda trabalha.