O tenente-coronel Guilherme Marques de Almeida, ex-comandante do 1º Batalhão de Operações Psicológicas de Goiânia, sugeriu em áudio publicado pela Polícia Federal neste domingo (23) a necessidade de \\”sair das quatro linhas\\” em uma tentativa de viabilizar um golpe de Estado após o resultado das eleições de 2022. A expressão faz referência à prática de ações fora dos limites constitucionais, algo que o militar teria defendido em sua fala.
O áudio, que foi extraído de celulares e computadores apreendidos durante investigações, integra o contexto das denúncias contra 34 pessoas por atos antidemocráticos feitas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada. Almeida declarou no áudio: \\”A gente não está saindo das quatro linhas. Vai ter uma hora que a gente vai ter que sair ou então eles vão continuar dominando a gente\\”.
As gravações revelam ainda críticas do militar à postura de silêncio da cúpula das Forças Armadas. Ele afirma que o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, deveria ter adotado uma posição pública firme: \\”Até agora, a decisão foi manter o silêncio. Acho que quem teria que falar alguma coisa seria o general Paulo Sérgio, não os comandantes das forças.\\”
Em fevereiro de 2023, Guilherme Marques de Almeida foi alvo da Operação Tempus Veritatis, realizada pela Polícia Federal. Durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão, Almeida desmaiou e precisou de socorro. Segundo a PF, o militar fazia parte de um núcleo estratégico responsável por disseminar desinformação com o objetivo de atacar o sistema eleitoral e criar condições para manifestações que favorecessem um golpe de Estado.
O caso coloca em evidência a polarização e o uso de desinformação como ferramenta política no país, ressaltando a gravidade das ameaças ao Estado Democrático de Direito.
Veja a lista de denunciados e acompanhe os detalhes do desenrolar das investigações conduzidas pela Polícia Federal.