No encontro que marcou três anos desde o início da invasão russa à Ucrânia, o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy reafirmou nesta terça-feira (24) que a paz só poderá ser alcançada por meio da força, da sabedoria e da cooperação internacional, com a participação ativa da Ucrânia e dos países europeus nas negociações.
Durante a reunião com lideranças europeias, como o presidente espanhol Pedro Sánchez e o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau, Zelenskyy destacou que Vladimir Putin não oferecerá a paz voluntariamente, e que o envolvimento europeu na mesa de diálogo é indispensável. De acordo com Zelenskyy: “Devemos alcançar a paz por meio da força, sabedoria e unidade – por meio da nossa cooperação com vocês.”
O apelo do presidente ocorre em meio à exclusão da Europa das negociações, lideradas agora por Donaldo Trump e focadas em entendimentos diretos com o governo russo. Segundo Zelenskyy, a segurança e o destino da Europa não podem ser discutidos sem a presença do continente nessas conversas. “O alvo estratégico da Rússia é a Europa. Por isso, precisamos da América, da Europa e da Ucrânia juntos frente à Rússia”, afirmou.
Além disso, Zelenskyy aproveitou seu discurso para defender novamente a entrada da Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), destacando a necessidade de garantias explícitas de segurança no atendimento às demandas do conflito. Ele afirmou: “Se a adesão da Ucrânia continuar fechada, teremos que construir a Otan dentro da Ucrânia. Forneceremos o financiamento necessário e intensificaremos nossa produção de defesa para garantir a paz.”
Essa postura segue após declarações no último fim de semana, quando questionado por jornalistas sobre a possibilidade de deixar o cargo em troca de um acordo de paz. Zelenskyy foi claro ao afirmar que apenas renunciaria em troca da adesão à Otan, o que ele considera crucial para garantir a soberania do país.
No cenário global, especialistas, como o ativista ítalo-brasileiro José Luís Del Roio, avaliam que a nova postura estadunidense de priorizar acordos diretos com a Rússia é reflexo de uma reestruturação interna do capitalismo nos EUA, gerando impactos significativos tanto na Ucrânia quanto na Europa. Segundo Del Roio, os Estados Unidos agora exigem que a Europa arque com os custos de sua própria segurança, rompendo com uma política que prevalece desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
Em seu terceiro ano, a Guerra na Ucrânia continua definindo relações de poder global, e o destino do conflito parece cada vez mais interligado à composição e dinâmicas político-econômicas entre EUA, Europa, Ucrânia e Rússia.